quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ética para quê?


Por Carlos Miranda
Mudar a situação de que tanto reclamamos depende de abandonarmos nossas pequenas atitudes desonestas e corruptas...

Você, assim como eu, nunca deve ter ouvido e lido tantas discussões a respeito de ética. 

Estamos vivendo um tempo em que a transparência, a liberdade de expressão e as novas formas de comunicação e conexão social propiciam maior exposição a temas que sempre existiram. 

No entanto, mesmo com a sociedade reagindo e “botando a boca no trombone”, fico extremamente preocupado ao verificar o que estamos fazendo de concreto para mudar o quadro. 

Apesar de gerar indignação e protestos – mas não catalisar mudanças –, essa avalanche de notícias de escândalos, corrupção e acidentes facilmente evitáveis é tratada como se tivesse acontecido em um país distante ao qual não pertencemos e, ainda mais, sobre o qual não temos a menor responsabilidade. 

Infelizmente, a desonestidade e a corrupção, base de grande parte de nossos problemas, existem e ainda são largamente praticadas nas relações mais básicas de nosso dia a dia. 

Mudar essa situação, de que tanto reclamamos, não depende de grandes revoluções, povo na rua ou caras pintadas, mas fundamentalmente de abandonarmos os pequenos atos desonestos e corruptos que praticamos. 

Lamentavelmente, em nosso país ainda encontramos aqueles que, por não concordarem com as leis, com a carga tributária ou com o rigor de determinadas regras estabelecidas para uma boa convivência social, preferem desobedecer, sem perceber que isso é tão imoral quanto a atitude dos políticos corruptos que tanto criticamos. 

Parar com essa prática de “interpretar” as regras de acordo com a nossa conveniência e de corromper as leis e as autoridades, por menor que seja o grau, é a grande “revolução” que podemos fazer imediatamente. E isso vale para tudo. É um pacto que deveríamos estabelecer, independentemente de quanto isso possa ser difícil para alguns. É o “sacrifício” que uma revolução exige. 

Isso significaria pagar impostos corretamente, assumir e aceitar uma multa por excesso de velocidade, independentemente das consequências, não tentar “livrar” um filho do serviço militar pedindo para um “pistolão”, não comprar produtos piratas, não “cortar” os outros no trânsito, por mais atrasados que estejamos. Enfim: respeitar e cumprir 100% das leis de nosso país, sem se importar se as outras pessoas fazem o mesmo ou não. 

Só assim poderemos esperar que, por meio de nossos exemplos, surja uma geração que veja a corrupção como algo estranho e anormal. 

Nesse pacto, o novo empreendedor terá papel fundamental, agindo de forma ética, não permitindo nenhuma espécie de desvio de conduta em seus negócios e, acima de tudo, espalhando a nova onda para todos os seus parceiros de negócios. 

Dessa forma, poderemos ter esperança de um dia deixarmos de assistir todos os dias a cenas protagonizadas por policiais corruptos ou políticos que, em vez de terem curriculum vitae, têm folha corrida e, principalmente, a tragédias como a de Santa Maria.