quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A baixa qualidade do gestor no Brasil


Por Rubens Gustavo Gurevich
Em sua opinião, o gestor brasileiro faz uma gestão eficiente do time? Faço essa pergunta, pois tenho a oportunidade de estar muito próximo a inúmeros gestores, já que trabalho diretamente com o corpo de liderança de pequenas, médias e grandes empresas.
E a conclusão, com base na minha experiência, infelizmente, é que o líder no Brasil não faz gestão eficiente do time. Essa é uma regra quase que constante nas empresas. Para termos uma ideia, de cada dez gestores observados, apenas dois possuíam interesses genuínos em desenvolver o time. E esse interesse está baseado em dois pilares:
1.   O gestor deve reconhecer que as pessoas precisam de desenvolvimento.
2.   É necessário uma sinalização sistemática por meio de feedbacks claros e objetivos.
Porém, é preciso entender melhor como funciona um time e há um estudo do professor John Katzenbach (The discipline of teams) que ajuda muitos gestores.  Katzenbach define que o time, para chegar a uma alta performance, passa por alguns estágios de desenvolvimento. O estudo afirma ainda que o desempenho do time é função direta do comportamento, ou seja, sem alinhamento comportamental, o desempenho estará sempre limitado. E, ao evoluir o estilo de comportamento, o time irá evoluir a capacidade de potencializar o desempenho.
Assim, o time começa como um grupo, evoluindo para um time em maturação, um time potencial, um time real e finalmente um time de alto rendimento. No grupo, o desempenho é regular, pois os integrantes do time estão trabalhando de forma independente. Já em um time de alto rendimento, os resultados são extraordinariamente superiores, acima das expectativas inicialmente previstas, pois são resultados de um comportamento individual totalmente alinhado ao comportamento do time.
Dessa forma, sem o envolvimento autêntico do time, os resultados serão, no máximo, medianos. O líder deve brilhar com o lampejo individual de cada integrante do time, já que o brilho individual do líder ofusca e não gera resultados extraordinários. E, de maneira alguma, não existe ameaça no fato de o time brilhar em conjunto, pelo contrário, é a única forma de chegar ao alto rendimento.
Então, como promover uma melhor qualidade de gestão aos nossos líderes?
1º   O líder precisa estar consciente de que operando no conceito de grupo (baixo alinhamento comportamental do time), o desempenho dele estará sempre comprometido.
2º   O líder precisa estar determinado a evoluir o time para o alto rendimento, pois somente nesse estágio de evolução os resultados serão extraordinários.
3º   O líder precisa conhecer em profundidade e individualmente os integrantes do time, quais são os motivadores, quais são os medos básicos, o que gostam de fazer, o que os deixam desmotivados, etc.
4º   O líder precisa compartilhar com o time, de forma clara e objetiva, as metas a serem atingidas, comunicar de forma eficaz a importância de cada um e o que ele espera de cada integrante do time para atingir os resultados.
5º   O líder precisa dar feedbacks sistemáticos ao time, de forma racional, tanto sobre os resultados atingidos quanto em relação ao comportamento observado de cada integrante. A emotividade, característica marcante do povo brasileiro, acaba atrapalhando o gestor na hora do feedback, pois, na maioria das vezes, o que deveria ser dito de forma direta acaba se transformando em um erro de mensagem, na qual a emoção se impõe sobre a razão.
6º   O líder, ao dar feedbacks, precisa estruturar a comunicação, atentando para a construção da fala em três partes: destacar o positivo; identificar a limitação; e, por fim, sugerir uma iniciativa de melhoria. Este é um exemplo de construção de um bom feedback: “Você é muito determinada, porém necessita trabalhar a impulsividade. Ouvir mais antes de tomar decisões é um bom caminho”.
7º   O líder precisa dizer ao time, claramente, que os talentos individuais transformam o time em grupo, e que somente a soma coordenada dos talentos pode transformá-lo em um time com alto rendimento.
8º   O líder precisa estar consciente de que a capacitação técnica é um pré-requisito. Sem competência técnica não há entrega. Porém, o diferencial é comportamental, ou seja, será a qualidade do comportamento do time que fará a diferença, fazendo resultados medianos se transformarem em resultados espetaculares.
Rubens Gustavo Gurevich é CEO da Your Life do Brasil (www.yourlife.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário