quarta-feira, 19 de setembro de 2012

As empresas precisam estar prontas para ouvir


Por David P. Lima Jr 
Investimentos na comunicação com os funcionários é um processo difícil dentro das grandes corporações
Em nenhum outro momento a frase “botar a boca no trombone” esteve tão viva e atual no mundo corporativo como nos dias atuais. Centenas de empresas espalhadas por todo o país estão investindo em maneiras de fazer com que seus funcionários sejam ouvidos pelo alto escalão. O mundo da comunicação corporativa vem, pouco a pouco, se especializando e se firmando como fator estratégico. As empresas descobriram que a chamada “rádio-peão” provocava fortes distorções nas informações e que as pessoas tendiam a agir com um forte comportamento tendencioso. Durante muito tempo a “fofoca news” deu a impressão de que os funcionários sabiam mais que a própria diretoria. E na verdade, em muitos casos, sabiam mesmo. Preocupados com os resultados, na maioria das vezes, catastróficos, os empresários estão investindo pesado em mecanismos que acabem com a boataria.
Uma pesquisa recente feita pela ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) demonstra que os investimentos nesta área ultrapassam os R$ 1,2 bilhão. É chegada a hora de enterrar de vez o velho “telefone sem fio” acabando definitivamente com os rumores e com a rede de intrigas que esta prática provoca. Afinal, como é possível o corpo de profissionais saber mais que a empresa? Ter ou não uma informação preciosa pode ser fator determinante para o fechamento de um grande negócio, para evitar perdas, para fortalecer uma posição competitiva, enfim, tudo o que é dito pelos corredores deve ser dito abertamente. Esta realidade traz à tona um fato: as pessoas que compõem uma empresa precisam estar preparadas para falar e para ouvir. O mundo empresarial precisa entender de uma vez por todas que as pessoas devem ter a liberdade de se expressar, mesmo quando o resultado de suas manifestações forem verdadeiras asneiras, pois, quando ouvidas as asneiras, o incêndio pode ser apagado antes de tomar proporções desastrosas.
A hora e a vez da interatividade e o investimento para ouvir empregados – Além dos tradicionais meios de comunicação (comunicações internas, boletins, jornais internos), as empresas contam, hoje, com meios eletrônicos, como intranet, painéis, terminais e telas digitais e, em alguns casos, rádios e TVs internas. Na Intellibiz, uma empresa de traduções empresariais, os funcionários são motivados a falar. Uma vez por mês a diretora Sra. Ana Carolina, reúne seus funcionários em um exercício que para muitos seria sinônimo de loucura, pois colocaria muita gente no “fio da navalha”. Ela reúne sua equipe onde eles, literalmente, colocam a boca no trombone, esclarecem todos os pontos duvidosos, as histórias mal contadas, etc. – e está satisfeita com os resultados dessa nova ferramenta. É claro que neste caso, este tipo de reunião é possível por se tratar de uma empresa de pequeno porte, mas há casos em que empresas constituíram em seus sistemas de comunicação verdadeiras redes de TV e rádio. Fazem questão que seus colaboradores participem. Muitas criaram uma linha direta com um ouvidor, outras ainda estão em busca de uma solução que torne possível uma comunicação clara, objetiva, rápida e acima, de tudo confiável.
Outra ação que tem se tornado bastante comum é investir em cursos de técnicas de comunicação verbal e não verbal. As empresas estão pagando mais para as pessoas que têm habilidades de comunicação bem desenvolvidas. O mundo corporativo está ávido de pessoas que se expressem com clareza, que sejam capazes de contestar e manter suas contestações, mas não há lugar para as pessoas “inseguras”. A habilidade de se comunicar é fator essencial para uma boa liderança que por sua vez é vital para as empresas que desejam permanecer em um mercado cada vez mais competitivo. Nos últimos anos tenho treinado pessoas para falar em público. Percebi que as empresas que investiram neste tipo de treinamento, quando se apercebem dos resultados, acabam por treinar suas equipes inteiras. A comunicação não é privilégio do corpo diretivo ou da liderança.

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