terça-feira, 27 de novembro de 2012

COMO VENCER O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Não existe fórmula milagrosa para vencer o medo de falar em público, mas uma série de recomendações que em conjunto o ajudarão neste sentido:

1. Domine o assunto sobre o qual irá falar. Não acredite na sorte porque só com o seu trabalho e estudo obterá êxito. Se não tiver tempo para dominar totalmente o assunto use roteiros simplificados e projeções. Não abuse destes recursos para não evidenciar falta de preparo. Procure saber mais do que irá expor. Imagine as perguntas que a plateia poderá fazer.
Estude as respostas. Reduza toda possibilidade de risco de se perder, esquecer ou confundir assuntos.

2. Pratique, pratique e pratique o que vai falar. O ensaio é importante para você fazer uma boa apresentação. Organize uma sequência ideal para falar. Treine em casa e no local um pouco antes da apresentação. Siga as dicas para o ENSAIO:
• Use inicialmente suas anotações. Depois, aos poucos, livre-se delas.
• Só use anotações em última necessidade.
• Pratique situações em que você olha seu roteiro e em seguida volta o olhar para a plateia.
• Desenvolva a espontaneidade dominando totalmente o tema. Ganhará confiança.
• Depois que ensaiou olhando as suas anotações, treine falar de improviso, sem uso de roteiros, para inspirar mais credibilidade diante da plateia.
• Pratique usando gestos, variando a intensidade da voz e a velocidade, as pausas, depois decida qual o modo ideal de comunicar determinado ponto.
• Pratique na frente do espelho para se observar.
• Pratique na frente de amigos e peça para que corrijam você quanto à postura, gestos, fisionomia, tiques, vícios de linguagem e intensidade da voz. Seja receptivo às críticas ou sugestões.
• Tente reproduzir as condições da apresentação para tornar mais real o ensaio.
• Cada vez que você ensaia percebe que sua fala acaba sendo um pouco diferente do que ensaiou. É assim mesmo. Na sua memória ficam os pontos principais que servem de gatilho para você improvisar o resto.

3. Procure se conhecer. Saiba como as pessoas o veem. Use um gravador: se familiarizará com o volume da sua voz, pronúncia, velocidade e outros aspectos dela. Use uma filmadora para ajudá-lo a treinar sua expressividade física e vocal. Faça gravações com textos diferentes.
Poderá se ver sorrindo, sério, com raiva. Verifique suas falhas de comunicação, mas se esforce também para identificar os aspectos positivos. Gere a autoconfiança que precisa. O autoconhecimento permite que a pessoa saiba quem é, como os outros a veem e ouvem. Em geral a imagem que fazemos da nossa pessoa é pior do que aquela que os outros de fato
observam. Com o autoconhecimento desenvolvido você não terá dúvidas sobre sua capacidade.

4. Faça contato com os ouvintes antes de falar. Funciona como quebra-gelo. Você ficará mais à vontade por não ter de lidar com ouvintes totalmente estranhos. Cumprimente os ouvintes na entrada do auditório. Converse. Sorria!

5. Use todas as possibilidades para falar em público. Nas reuniões de condomínio, na empresa, igreja, clube, sala de aula. Poderá praticar mais e ganhar autoconfiança. Quanto mais apresentações fizer, melhor se sairá nas próximas.

6. Não elimine totalmente o medo, controle-o. O que precisa ser combatido é o medo excessivo e descontrolado. Oradores experientes são eficientes porque controlam o medo.
Sempre haverá algo desconhecido que nos deixa com receio. Isto é positivo porque nos mantêm atentos. Uma pessoa totalmente segura, despreocupada, correrá o risco de se tornar negligente ou arrogante. Trabalhe para controlar o medo, não para eliminá-lo.

7. Canalize a energia do nervosismo para o entusiasmo. Nervosismo controlado ajuda o orador a produzir mais diante do público. Aproveite a energia nervosa e canalize-a para a fala, colocando emoção nas palavras e dar vida ao discurso. Adrenalina e emoção são duas coisas intimamente ligadas. Faça-as trabalharem em sintonia, não uma contra outra. O entusiasmo pode ser transmitido pela voz, gestos e o sorriso. O entusiasmo ajuda a conquistar o público.

8. Imagine sempre seu sucesso. É comum produzirmos acontecimentos futuros negativos:
"Vou dar vexame", "ficarei nervoso". Tais pensamentos limitam o potencial de comunicação e a profecia muitas vezes se realiza. De tanto você pensar que vai dar errado, acaba acontecendo.
Substitua cenas desastrosas por vencedoras: aplausos, elogios da audiência. Mantenha atitude positiva. Lembre o tempo que você gastou preparando-se. Lembre que mesmo preparado todos ficam nervosos. Simplesmente mantenha o controle da situação, "desligue" um pouco os nervos e visualize fazendo uma apresentação de sucesso: pessoas animadas, interessadas, tomando notas, interagindo, fazendo perguntas.

9. Desenvolva a autoimagem e a autoestima. A extinção das ideias negativas sobre nós ocorre quando condicionamos a mente com pensamentos construtivos. Você precisa estimular ideias positivas a seu próprio respeito, antes de iniciar uma palestra. Sua autoestima se elevará, ficando mais fácil lidar com situações difíceis.

10. Veja você como uma pessoa normal. Ter medo de falar em público está entre os primeiros lugares nos tipos de medos que sentimos. Pensar que você é alguém anormal, azarado, inferior, sem talento para falar em público, só agrava a situação. A maioria das pessoas tem medo de falar em público.

11. Falar para um público deve ser aceito como uma honra. São poucas as pessoas que têm condições de falar para uma plateia. Você é uma pessoa privilegiada. Parta deste princípio e invista toda sua energia para preparar um ótimo discurso. Recompense seu público por conceder-lhe o privilégio de poder falar.

12. Pense menos nos seus problemas e mais no seu público. O público quer ouvi-lo e merece atenção. Pare de pensar em seus problemas. Pense naqueles que deixaram suas casas, trabalho e foram ouvir você. O público quer ver uma apresentação bem sucedida. À plateia interessa o que você está falando, não o que está sentindo. Agarre-se a está ideia e siga em frente.

13. Falar em público se aprende, não é um dom. Bons oradores se fazem através de muito trabalho e treinamento. Em qualquer atividade pessoas aprendem mais facilmente que outras, mas todas podem exercê-la com sucesso. Os melhores artistas, atletas, cientistas vencem porque treinam bastante e são disciplinados. Exercite muito!

14. Mesmo os oradores mais experientes ficam nervosos. Fazer uma palestra não é um acontecimento comum. Você enfrenta situações diversas, algumas sem a possibilidade de obter total controle, o que provoca tensão, expectativas e nervosismo. Por isso não espere ficar totalmente relaxado. Frequentemente você percebe ou escuta um profissional da televisão dizer
que fica nervoso quando fala em público.

15. Só você sabe que está nervoso. Nunca revele o seu nervosismo para o público.
Raramente demonstramos o quanto estamos nervosos. Nas aulas de oratória peço aos alunos que deem uma nota para o grau de nervosismo para o colega que se apresenta. Sempre as notas são inferiores às que o aluno imaginou para ele mesmo. Uma coisa é o que você sente, outra o que transmite e fica visível para a plateia. Se o público não nota o seu grau de
nervosismo vá em frente e faça sua apresentação.

16. Memorize a introdução e a conclusão da palestra. "Bom dia! Meu nome é Roberto.
Peço cinco minutos da atenção de vocês para falar sobre..." Percebendo que começa seguro, terá mais autoconfiança para continuar. Então é preciso memorizar a introdução e também a conclusão para não vacilar na hora de concluir.

17. Saúde os presentes com voz alta, segura. Bom dia!" Entre em cena de forma decidida. Comece bem para terminar bem.

18. Tome água fresca, não gelada, porque prejudicará sua voz. Evite cafezinho. Nunca tome bebida alcoólica.

19. Tudo em ordem. O medo que algo dê errado durante a apresentação pode deixar você muito nervoso. Certifique-se que todo o material de apoio e os recursos audiovisuais estejam em ordem. A organização completa traz a segurança de que tudo vai dar certo. Faça uma Lista de Verificação e use-as a fim de preparar-se para a palestra. Assim poderá se concentrar mais em sua própria preparação.

20. Respiração adequada. Ciclo completo: inspire pelo nariz contando quatro segundos, segure quatro durante segundos, expire pela boca durante 4 segundos. Repita o ciclo cerca de cinco vezes, calmamente. Procure um local isolado. Nunca respire apressada e seguidamente.
Poderá sentir tonturas.

21. Relaxamento: isole-se numa sala para relaxar, antes de iniciar a palestra. Desligue-se.
Faça alongamento. Exercícios simples ajudarão você a reduzir a tensão e ganhar mais controle sobre o corpo.

22.Crie um ritual como fazem atletas, atores e lutadores de boxe: respiração adequada, alongamento, relaxamento e atitude positiva. Repita a mesma rotina antes de cada apresentação ou ensaio que irá enfrentar.

23. Reze. Lembre que Deus não ajuda preguiçoso. Treine, treine, treine!

Texto de , professor do Curso de Oratória, Cérebro & Comunicação - Desenvolvimento Pessoal.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Liderança empreendedora: a competência mais escassa no momento


Por Jerônimo Mendes

Esse artigo faz uma análise crítica sobre a importância e a ausência da liderança na criação de mitos no mundo dos negócios.

De acordo com Stephen Covey, autor do best seller Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, "Liderança é um conceito misterioso e ilusório. O que lemos como sendo história é, na realidade, a criação de mitos. De uma pessoa comum, a sociedade cria um Napoleão ou um Gandhi, um Martin Luther King ou uma Joana D'Arc, alguém que adquire o status de ser capaz de moldar o destino."
O que faz uma pessoa comum se tornar um líder de verdade? O que faz um líder se tornar empreendedor? O que faz um empreendedor se tornar líder? Todos os empreendedores são líderes? Todos os líderes são, por natureza, empreendedores?
Se perguntarmos a definição de líder para vários homens de negócios, teremos diferentes respostas: líderes são motivadores, entusiastas e carismáticos; líderes estabelecem metas e objetivos; líderes criam uma missão e uma visão; líderes influenciam pessoas e gerações; líderes estabelecem novas culturas; líderes são perseguidores implacáveis de metas, e assim por diante.
mapa
(imagem: Shutterstock)

Por outro lado, se a pergunta for "o que os líderes devem fazer?", é provável que a única resposta seja: o papel do líder nos negócios é extrair os melhores resultados da sua equipe. Embora seja um conceito ainda mal compreendido e adotado de maneira equivocada, a liderança tornou-se uma característica indispensável no mundo dos negócios.
Em artigos, vídeos e palestras, muitos tentam associar Bill Gates, Lee Iaccoca, Winston Churchill, Jack Welch, Antonio Ermírio de Moraes, Henry Ford, Akio Moirta e outras personalidades ao espírito de liderança, o que não me parece totalmente equivocado, mas, o fato de alguém adotar suas qualidades, na tentativa de se tornar um líder como eles, não garante a sua transformação em líder absoluto.
Aliás, para James Collins e Jerry I. Porras, autores do best seller Feitas para Durar, muitos líderes cultuados nos dias de hoje não eram nada carismáticos no comando de suas empresas. É o caso de Soichiro Honda, Masaru Ibuka (Sony), Paul Galvin (Motorola) William McNight (3M) e do próprio Jack Welch (GE).
Welch cresceu na GE, era um produto da GE, entretanto, a GE era uma empresa próspera muito antes de Welch assumir o comando e continua sendo depois dele, sob o comando do seu sucessor, Jeffrey Immelt. Welch não foi o único CEO excelente da GE. Segundo Collins e Porras, o papel de Welch não foi insignificante, mas, foi apenas um pedacinho de toda a história da empresa.
A principal característica em comum de todos esses líderes era o foco, segundo os autores. As evidências sugerem que as pessoas mais importantes nas etapas de formação das empresas de sucesso estavam mais voltadas para a organização, independentemente do estilo pessoal de liderança de cada um. Todos os líderes mencionados eram obstinados e excelentes arquitetos, ou seja, formadores de equipes e criadores de ferramentas adequadas para cada situação.
Ausência da liderança não é sinônimo de fracasso. Vejamos o exemplo da Apple que, durante mais de dez anos, sob o comando de Steve Jobs, cresceu de maneira admirável. Jobs era ótimo na criação, obcecado por qualidade e design, mas isso não o impediu de ser demitido da própria empresa aos trinta e um anos de idade. Para alguns, um péssimo líder, para outros, um empreendedor nato.
Apesar de tudo, a liderança é uma competência-chave no sucesso das organizações, principalmente quando você concorre num mercado onde a diferença de preço é a única vantagem percebida pelo cliente. Nesse caso, a liderança faz toda diferença, motivo pelo qual é necessário entender minimamente os seus princípios.
Quer você seja empreendedor, quer não, vale a pena resgatar algumas definições dos principais gurus da administração moderna, cujo resumo está disponível no meu livro Manual do Empreendedor (Atlas), mas, compartilhada aqui para facilitar o seu trabalho. Na prática, você vai precisar mais do que a simples leitura dos conceitos.

Liderança...

1) É a decisão de sair das trevas. Somente alguém capaz de ter sabedoria em meio ao caos será lembrado como grande líder (Deepak Chopra).
2) É a arte de se relacionar construtivamente com outras pessoas e conseguir que se mobilizem para atingir determinados objetivos comuns (Emiliano Gómez).
3) É a capacidade de reconhecer as habilidades especiais e as limitações dos outros, associada à capacidade de introduzir cada um dentro do serviço que desempenhará melhor (Hanz Finzel).
4) É a capacidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter (James Hunter).
5) É um processo de influenciar pessoas (Ken Blanchard).
6) É a capacidade de facilitar o aprendizado dos indivíduos e das equipes (Peter Senge).
7) É um processo conjunto de descoberta (Tom Peters).
Liderança é uma qualidade a ser adquirida. As pessoas anseiam por reconhecimento e um propósito de vida. Se o empreendedor conseguir ajudá-las a entender essa necessidade, por meio de produtos admiráveis e com o trabalho de pessoas ainda mais admiráveis, certamente estará influenciando seu modo de pensar e agir. Por consequência, os resultados serão os melhores possíveis para o seu próprio negócio e para a sociedade.
Pense nisso, torne-se um líder empreendedor e seja feliz!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O papel da Gestão de Pessoas na prevenção de fraudes corporativas

Em cada dez empresas brasileiras, ao menos sete foram vítimas de algum tipo de fraude interna nos últimos dois anos. São funcionários e prestadores de serviços – muitas vezes com mais de dez anos de casa – que falsificam documentos e notas fiscais, adulteram cheques, desviam ativos, mentem nas despesas pessoais, entre outros tipos de crimes cometidos contra o patrimônio da empresa, que, na grande maioria dos casos, não consegue recuperar os valores desviados e ainda teme levar a denúncia para a esfera policial. Para especialistas no tema, a contribuição do RH é primordial para tentar minimizar a ocorrência desses crimes, num processo que envolve desde a contratação até a divulgação da política da organização em relação a fraudes.
Os resultados de uma ampla pesquisa sobre o assunto no Brasil, realizada pela KPMG, foram divulgados recentemente e mostram também a preocupação das empresas com a ocorrência de fraudes futuras: metade dos executivos entrevistados acredita que esse tipo de crime tende a crescer, ao mesmo tempo que 64% reconhece a insuficiência de controles internos, como uma circunstância facilitadora. “Nenhuma empresa consegue erradicar a fraude, mas é possível diminuir os riscos. A fraude em si é cometida por um indivíduo, uma pessoa, e não por um sistema”, aponta o sócio da KPMG no Brasil, Werner Scharrer. Para ele, uma grande parcela dos fraudadores poderia ser identificada ainda durante o processo de contratação. No entanto, o filtro tradicional de consulta de antecedentes criminais e do nome limpo na praça não é suficiente. “Isso é uma fotografia do momento, não mostra qual a atitude. Em muitos casos, o fraudador foi demitido da empresa anterior pelas mesmas questões”, explica o executivo. Por isso, ele acredita que é preciso traçar um perfil desse futuro funcionário conversando com antigos empregadores e buscando outras referências.
As fraudes no cenário empresarial são situações muito mais comuns do que se imagina. Embora muitos empresários e gestores acreditem que são imunes ao risco, por conhecerem todos os processos de sua organização, a prática de fraudes pode ocorrer em empresas de qualquer porte ou segmento. As organizações no Brasil têm enfrentado diversos obstáculos administrativos, financeiros e econômicos nos últimos anos. Dentre eles, a fraude corporativa ganha destaque e aparece em escala progressiva.
Diversas empresas de auditoria estudam as fraudes internas e as comprovam estatisticamente. Constatam as questões relacionadas à gestão da empresa, os atos fraudulentos e as medidas punitivas eventualmente tomadas para o combate desse crime.
De acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Kroll Advisory, 74% das empresas latino-americanas são afetadas por fraudes corporativas. As áreas de maior vulnerabilidade, segundo o levantamento, são corrupção e suborno (70%), desvios de ativos ou de estoques (58%) e conflito de interesses (53%).
Ao menos 34% das empresas no mundo já foram alvo de fraudes corporativas e, dessas, mais da metade teve problemas do tipo envolvendo os próprios funcionários. Dados da pesquisa Global Economic Crime Survey 2011 mostram que uma em cada dez companhias que revelaram ter sido vítimas de fraudes sofreu prejuízos de mais de US$ 5 milhões.

Fonte: http://www.corpbusiness.com.br/evento/riscos_fraudes/apresentacao.php

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Psicodinâmica em Negócios


Por Karina Magolbo - Editora da Revista Liderança
Empresários que aprendem a lidar com mecanismos de defesa aumentam o lucro dos negócios
Com base na convivência com mais de 1.200 empresários ao longo dos últimos 12 anos, Luiz Fernando Garcia, especialista em gestão comportamental aplicada aos negócios e criador da metodologia Psicodinâmica em Negócio, lançou recentemente o livro Empresários no divã (Ed. Gente). Luiz Fernando afirma: “Donos de negócios devem deixar de praticar no ambiente de trabalho o ‘deslocamento’, quando levam para a empresa os problemas de casa; a ‘negação’, quando deixam de enxergar um problema para tentarem realizar seus objetivos; a ‘idealização’, que é a paixão em excesso por seus negócios; e a ‘projeção’, quando transferem aos outros desejos e/ou conteúdos que são seus”.
A seguir, a íntegra do depoimento exclusivo que o especialista deu à revista Liderança.
Sobre o que se trata
“Sou um especialista em gerir o comportamento de empresários e criei um método chamado Psicodinâmica em Negócios. Esse método tem 12 anos e estamos na 43ª formação, que denomino Grupo Dirigido. As reuniões são quinzenais, de 13h30hs à 19h30hs, durante 17 meses. Os grupos são exclusivos para donos de negócio. A modalidade é terapêutica. O que se aprende? Psicologia clássica e psicanálise clássica. Eu não trabalho com PNL e nem com a área motivacional. Os empresários aprendem as teorias da psicologia e os teoristas da psicanálise. Psicanálise não é psicologia. Ela se orienta pelo inconsciente. Na psicologia, existem várias abordagens para explicar a mente humana. Isso é chamado de psicodinâmica. No estrito senso, a psicodinâmica é um termo da psicanálise. A dinâmica psíquica atua nas pessoas entre os 0 e 7 anos de idade e influencia pessoas na função de liderança. De outra forma, ela influencia essas pessoas usando as mesmas referências e sensações experimentadas pelo indivíduo entre esses 0 e 7 anos de idade. Isso é psicodinâmica na psicanálise. A psicodinâmica no lato senso são as várias formas que a psicologia tem para explicar os aspectos da mente humana.”
Freud
“Mecanismos de defesa são processos subconscientes que procuram solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a existência de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si. Há diversos mecanismos de defesa. São 27 ou 23, dependendo da literatura. No grupo, os empresários aprendem três. Os que são mais comuns em um ambiente de negócio. Como o trabalho é terapêutico, os empresários vão participar de dinâmicas para enxergar o comportamento deles sendo atuados com os mecanismos de defesa.”
A pesquisa
“Quando completei 4 anos de trabalho com Grupos Dirigidos de empresários, fiz minha primeira pesquisa. No ano passado, fizemos uma pesquisa de doutoramento, com 826 participantes. Essa pesquisa é chamada na área acadêmica de Pesquisa de Amplitude e Impacto. Em toda pesquisa, precisamos determinar o que vai ser estudado. No setor acadêmico, chamam isso de CHA: competência de Conhecimento, Habilidades e Atitudes. Analisamos quais comportamentos se alteram nesses empresários investigados. Como eles atuam com esses comportamentos alterados. O que os faz desenvolverem-se melhores enquanto gestores. Por fim, quanto disso tudo se reflete nos resultados de uma equipe e de uma empresa.”
Resultados e conclusões
“Um aspecto marcante é que quando eles aprendem (empresários) sobre mecanismos de defesa, têm mais consciência de suas relações com os colaboradores. Quando os atacam (brigam, discutem), na verdade, muitas vezes, estão a se defenderem. Há uma clara evolução na percepção disso pelos participantes. Isso altera a forma como eles se comportam ao permitir um melhor manejo dos mecanismos de defesa, por exemplo, o mecanismo de defesa chamado negação (negar realidades desagradáveis, frustrantes). Quando o empresário percebe que está lidando com alguns aspectos da tomada de decisão, ele reduz a impulsividade na aquisição de insumos para a empresa (que ele quer muito comprar). Um dos aspectos da pesquisa é que ela mostra que ele reduz a impulsividade de compra, no aspecto de gestão: comprar uma máquina antes da hora. Ele vai protelar esse momento, se tornar mais comedido, menos impulsivo.”
Projeção
“Outro mecanismo de defesa é a projeção. Projetar é colocar em outros, aspectos de nós mesmos. Tenho inveja do outro e o ataco. Quero algo que o outro tem e não tenho. Quando julgamos alguém estamos projetando desejo ou conteúdo. Por exemplo, sócios. Quando eles entendem sobre projeção, diminuem-se os ataques entre eles. O responsável pela área de vendas está viajando muito e o sócio-administrativo tem que cumprir o expediente. Eles se desentendem: "Aquele vagabundo está sempre ausente, não aparece mais, deve estar namorando..." Mas e se as vendas aumentam? O que o sócio-administrativo está projetando é o desejo de também querer estar fora, viajando e não somente tendo de cumprir o expediente na empresa. Quando se compreende esse mecanismo, os conflitos se reduzem consideravelmente.”
Deslocamento
“Outro mecanismo é o deslocamento, típico na empresa familiar. Aspectos da família que o indivíduo desloca para dentro da empresa. Ele está mal com a esposa e começa a falar com a equipe de forma agressiva. Quando se percebe o deslocamento, aumenta-se a tolerância, tanto com a família quanto com a empresa. Aprende-se a relevar aspectos que não são tão importantes.”
Idealização
“A idealização é mais um dos mecanismos de defesa. Toda relação nova é, via de regra, idealizada. Seja a compra de uma máquina, a compra de uma unidade nova, a contratação de um novo gerente. Quando se entende como funciona a idealização, começa-se a se dar conta que a visão que se tem de um novo plano pode ser otimista demais. Faz com que o empresário construa cenários, tanto positivos quanto negativos, para poder criar planos de ação mais realistas e sem impulsividade, mais pé no chão.”
Feedback
“É interessante perceber pelos resultados da pesquisa que a capacidade de dar bons feedbackspraticamente triplica, porque o participante passa também a perceber os mecanismos de defesa de seus colaboradores. O feedback é mais acolhedor, mais pontual, menos genérico. Isso, obviamente, melhora a comunicação, o clima organizacional e a coesão da equipe.”
Mecanismos de defesa e lucratividade
“A relação é direta. Os respondentes da pesquisa indicaram que após promoverem alterações em seus comportamentos, perceberam ganhos financeiros em suas gestões. Temos uma pesquisa feita no Grupo Dirigido, comprovando que durante o processo de imersão do grupo (17 meses), a receita aumenta em 34%. O turnover nas empresas é reduzido, em média, 15%.”
Freud, um grande empresário?
“Não. Freud foi, em sua época, um grande empreendedor científico. A inquietude dele ajudou muito, protagonizou uma nova compreensão. É considerado o terceiro maior gênio da humanidade. O primeiro é Copérnico, por descobrir que nós não somos o centro de nada. O segundo é Darwin, por mostrar que não existe ‘costela de Adão’. Tocar um negócio é um babado totalmente diferente. Mas suas descobertas ajudam, e muito, a melhorar uma gestão.”
Serviço

A liderança Prozac e os limites do pensamento positivo

Quando um estilo de gestão torna-se otimista em excesso ele se afasta da realidade e torna-se um problema

David Collinson, professor da Lancaster University Management School, da Inglaterra, publicou na revista Leadership (vol.8 n.2 - maio 2012) um interessante artigo chamado “A Liderança Prozac e os Limites do Pensamento Positivo”. Ele afirma que os excessos da liderança positiva podem fazer com que as pessoas deixem de pensar criticamente e ver a realidade concreta, levando a empresa a tomar decisões erradas.

O autor analisou aproximadamente 200 estudos sobre liderança, pensamento positivo, dinâmica organizacional e reconhece que a habilidade de persuasão é um fator de sucesso na gestão, e que o otimismo é um dos mais eficazes métodos de comunicar objetivos e metas.

Entretanto, diz ele, quando há um exagero nessa forma positiva de ver a realidade, pode-se cair no otimismo excessivo, numa “exuberância irracional da realidade” ou mesmo numa “tirania do pensamento positivo”. Em síntese, ele diz que “Líderes Prozac”, como ele denomina, podem acabar acreditando em sua própria narrativa de que tudo está bem e como consequência questionar cada vez menos a verdade desejando não ouvir qualquer coisa que seja contrária à crença de que tudo vai bem, se isolando cada vez mais  e se distanciando da realidade concreta.

Um estudo de 2003 evidenciou o termo “otimismo delirante”, que o autor usa para descrever as circunstâncias da aquisição pelo Royal Bank of Scotland (RBS) do banco holandês ABN Amro, em 2007.  Foi a maior aquisição bancária da história, e ocorreu, simplesmente, no início da recessão global.

O ABN foi exposto à crise das hipotecas dos EUA. O tamanho do negócio enfraqueceu o balanço do RBS, que foi socorrido pelo governo do Reino Unido.  Para Collinson, as empresas que acreditam que o otimismo recompensa e desencorajam o pessimismo, perdem a capacidade de pensar criticamente.
 
Em 2010 foi realizado outro estudo que examinou o otimismo exagerado de Wall Street e suas consequências danosas. Quando um gerente questionou os pressupostos ao “boom” dos preços da habitação, foi-lhe dito: "Você se preocupa demais."

Collinson ressalta que ao insistir na comunicação aos subordinados excessivamente positiva, sem incentivar a crítica, pode silenciar os colaboradores comprometidos e preocupados. “Os funcionários podem reter seus pontos de vista como uma forma de proteger a sua carreira, reputação, salário, e segurança no trabalho”, diz.

De fato, as perspectivas otimistas dos líderes nem sempre são aceitas ou internalizadas por seus seguidores, diz o autor, e a liderança Prozac pode gerar uma ampla gama de respostas e tipos de dissidência.  Funcionários desencantados podem se envolver em subversões menos evidentes como o absentismo, ou simplesmente estar em desacordo com a cultura local de trabalho dominante, criando tensão.

Por exemplo, um estudo mostrou que, apesar das descrições de uma companhia de petróleo sobre os compromissos de segurança, divulgando como "incansável", "abrangente" e "a nossa preocupação número um", muitos trabalhadores, em duas de suas plataformas de petróleo do Mar do Norte, não divulgaram acidentes ou quase acidentes por causa de uma "cultura da culpa".  Os trabalhadores reclamaram que aqueles que relataram para a segurança suas preocupações, as avaliações foram dadas como pobres, afetando salários e a segurança no emprego.  "Assumindo que a ocultação não poderia ocorrer, já que esta contradizia a cultura de aprendizagem", escreve o autor, os gerentes seniores continuavam no escuro sobre os problemas de segurança nas plataformas, um reflexo do "seu excesso de otimismo e distância das práticas de offshore."

Fonte: lea.sagepub.com/content/8/2/87.abstract

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A diferença entre ser líder e estar na liderança

Por Van Marchetti, Administradores.com

O que difere um líder nato daqueles que estão na condição de chefe?

Hoje quero falar sobre liderança. Mas não a liderança cargo, porque ser líder não é ocupar um cargo dentro da empresa. Ser líder é um estado de espírito. Quem é líder "é", quem ocupa um cargo "está".

Tenho duas notícias: uma boa e outra ruim. A ruim é que se você está com problemas para que suas ordens sejam acatadas por sua equipe, você não "está" sendo um bom líder. A boa notícia é que isso pode ser trabalhado e desenvolvido: basta você querer dar o primeiro passo.
Por isso, quero te dar algumas dicas que farão toda diferença em sua liderança. Vamos lá?
Imagem: Shutterstock

Dê sugestões ao invés de ordens:

Você está com problemas para que suas ordens sejam acatadas? Poxa, mas esse já é o problema. As pessoas não gostam de receber ordens. Aí você me pergunta "mas eu sou chefe, tenho que dar ordens e elas precisam ser cumpridas!". Ok, eu concordo com você, existe um cargo a ser honrado. Mas para que esse mesmo cargo tenha um sucesso sustentável, você precisa ser o espírito desse cargo, e não apenas estar nesta função. Mas como? Vamos começar com uma simples atitude: ao invés de dar ordens, procure dar sugestões. Por exemplo, ao invés de dizer "Faça esse relatório. Quero impresso em minha mesa até às 11 horas", diga "Preciso muito de sua ajuda agora! Sei que já são 9 horas e preciso do relatório até às 11 horas para uma reunião. Você consegue prepará-lo para mim?". Você tem dúvidas de que a aceitação da "ordem" será bem diferente ?
Quando dadas na forma de perguntas, permitimos que as ordens sejam mais aceitáveis. Precisamos aprender a nos conectar com as pessoas para obter o melhor resultado. É fundamental não nos concentrarmos apenas em nossos resultados, mas no resultado do grupo. Fazer parte do desenvolvimento das pessoas é gratificante e nos faz crescer como líderes – tanto no âmbito profissional quanto pessoal. Deixar que as pessoas façam "por vontade própria" lhes dá sensação de importância e a satisfação de fazer parte de algo maior. Alimenta o espírito de cooperação ao invés de revolta. A sensação de ser parte da situação permite que as pessoas compreendam seus erros e facilita a aceitação e correção dos mesmos.

Estimule as pessoas para o sucesso:

Envolva toda a equipe na resolução dos problemas. É péssimo ver um líder que diz "o fracasso foi nosso, mas o sucesso só meu". É péssimo também ver aquele líder egocêntrico, que sabe tudo, que resolve tudo "sozinho". Envolver a equipe na resolução dos problemas faz com que cada membro sinta-se envolvido de verdade, comprometido e, dessa maneira, mais estimulado a produzir, otimizar e solucionar.

Elogie e estimule ao invés de censurar e condenar:

Erros acontecem. Fazem parte do aprendizado. Mas não é porque seu colaborador errou que você precisa xingar, humilhar, mostrar quão errado ele foi. Sente com essa pessoa e descubra por que aquele erro foi cometido. Dessa maneira, você estará ensinando a nunca mais cometer o mesmo erro e, ao mesmo tempo, entendendo porque determinada atitude foi tomada. Estimule esse colaborador a continuar tendo ideias e iniciativas, mas peça que da próxima vez ele o consulte antes de agir.
Sobre essa atitude na liderança, acho incrível uma frase de B. F. Skinner, que diz "quando se diminui a crítica e se enfatiza o elogio, as coisas boas que as pessoas fazem recebem reforço e as coisas más são atrofiadas por falta de atenção".

Elogie mesmo os menores progressos:

Muitos líderes esperam grandes acontecimentos para parabenizar sua equipe. Mas não é assim que funciona! Elogie, vibre, parabenize a equipe por todo resultado positivo, desde a otimização de uma simples tarefa até uma super iniciativa de redução de custos. Pequenos estímulos fazem com que a equipe sinta-se mais confiante e cada vez mais empenhada em mostrar resultados positivos. Todos nós gostamos de ser elogiados, não é mesmo?
No entanto, seja específico e sincero em seus elogios. Aponte aquilo que te satisfez e do seu jeito – não queira ser o "Líder simpatia" se esse não é o seu perfil, mas também não sinta-se tolhido se no dia a dia for expansivo. Não deixe que os elogios pareçam bajulação pois, dessa maneira, começará a ser simplesmente ignorado.

O ser humano vive dentro de seus limites (William James):

Por último, e não menos importante, lembre-se que cada pessoa é única, tem suas qualidades, defeitos e limites. Se você, como líder, reparar que um colaborador não se sai bem em determinada tarefa por diversas vezes, troque o mesmo de lugar. Aptidões devem ser estimuladas. As vezes um colaborador excelente em planilhas, pode ser péssimo em relatórios. Ou aquele que não consegue se apresentar em público, faz as melhores apresentações possíveis em PPT.
Enfim, meus amigos, qualquer um pode estar líder, mas nem todos podem ser líderes. Desenvolva sua equipe. Conquiste as pessoas. Seja admirado e copiado e, dessa maneira, exerça com perfeição a palavra liderança!
Van Marchetti - Consultora, palestrante, facilitadora e instrutora de treinamentos corporativos e individuais. Diretora da Attitude Plan – Consultoria e Treinamento Empresarial. Ministra treinamentos nas áreas de oratória, liderança, administração de conflitos, integração de equipes, técnicas de apresentação e comunicação e relacionamento em vendas. Professora de pós-graduação, Van também ministra sessões individuais dos temas acima. 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Saber Ouvir


Por Andrea Henn
Existe uma diferença clara entre escutar e ouvir. Escutar refere-se à realidade física de perceber sons, é um ato que pode ser considerado passivo, pois pode acontecer até mesmo quando estamos dormindo.Ouvir é um processo muito diferente de escutar. Ouvir é um processo ativo que precisa de um esforço consciente de prestar atenção para poder entender, assimilar e trocar uma ideia com que está falando.
Como estudante, amigo, vendedor, funcionário ou líder, você deve ser um bom ouvinte para haver uma coesão em seus relacionamentos. A habilidade de ouvir pode ter grande influência no seu círculo de amizades, na organização em que você trabalha ou em seu meio familiar. Pesquisas mostram que a maioria das pessoas não são bons ouvintes, ou seja, 75% delas não entendem o significado mais profundo de uma conversa, ficando assim no superficial.
Ouvir envolve se importar, escutar, interpretar, avaliar e responder com inteligência o assunto que está em questão. Para gerentes, ouvir é um jeito de aprender o que motiva os funcionários e quais são os valores e expectativas que eles têm da liderança e da organização. Mesmo quando os gerentes não podem dar o que os funcionários querem, o importante é ouvir o que eles têm a falar. Eles vão se sentir importantes e melhores só de saber que o seu ponto de vista foi ouvido. Esse é um modo de mostrar aceitação e apoio, no que resulta em um ambiente de trabalho mais leve e agradável para se trabalhar, aumentando a satisfação e produtividade.
Qual o seu objetivo quando está ouvindo atentamente?
Nem sempre os significados de ouvir são semelhantes, por isso é importante primeiramente saber qual o seu objetivo. Você pode estar querendo criar empatia com alguém e em outros casos pode estar ouvindo para tentar resolver problemas.
  1. Demonstre empatia: ouça atentamente de forma a obter informações de um modo útil que demonstra apoio. Preste atenção, fale pouco e utilize palavras e gestos que incentivem o interlocutor a continuar falando.
  2. Analise: use perguntas diretas, com cuidado, em sequência, se você precisar entender os fatos e pensamentos. Se você for um bom ouvinte analítico, saberá conduzir a conversa com as próprias respostas do interlocutor.
  3. Sintetize: peça que a pessoa que está na sua frente, exponha suas ideias de modo a mostrar as vantagens e desvantagens da proposta. Mantenha sua mente aberta e concentre-se nas ideias e objetivos, e não nas personalidades envolvidas (inclusive no seu ego).
A comunicação eficaz pode trazer grandes ideias. Saber ouvir seu funcionário pode fazer com que ele exponha uma boa ideia e essa gere bons resultados!
Andrea Henn – Gerente de Internet da Editora Quantum