sábado, 24 de dezembro de 2011

Céu sem nuvens para as startups digitais

Escrito por Márcio Ferrari Crise? Que crise? No meio de toda a apreensão com os números da economia, as startups de tecnologia digital americanas são uma ilha de prosperidade. Um texto recente no site da revista Inc. informa que incubadoras e aceleradoras da área pipocaram durante todo este ano e que a agitação deve continuar em 2012. Tanto que, segundo o autor do texto, o headhunter Keith Cline, bons profissionais estão sendo disputados a tapa, e “para ontem”, pelas startups. Cline fez uma listinha das funções mais competitivas: engenheiros de software e desenvolvedores web, projetistas de interação com o usuário (também conhecidos como designers de “user experience”, ou Ux), gerentes de produtos, profissionais de marketing e analistas de dados. A procura das startups por novos talentos, e vice-versa, motivou também uma reportagem do jornalista Ethan Rouen, publicada nesta semana no site da revista Fortune. Como as novatas de tecnologia são, por definição, empresas pequenas, não contam com departamentos de RH e processos regulares de recrutamento. Dificilmente conseguem competir com as grandes corporações na busca de talentos e, pela rapidez com que se desenvolvem, não podem se dar ao luxo de gastar muito tempo nesse processo, sob pena de matar de trabalho a equipe existente. Sendo assim, o ideal é buscar profissionais em início de carreira que preferem a cultura inovadora e informal das empresas novatas. Nessa busca de mão dupla, as startups também têm que se oferecer no mercado. A “TaskRabbit”, de São Francisco, cujo serviço é promover justamente o encontro entre profissionais interessados uns nos outros, produziu um vídeo para mostrar o seu alegre ambiente de trabalho: sala de jogos, cachorros aninhados preguiçosamente ao lado das mesas dos funcionários, almoço coletivo e o depoimento de um engenheiro e maratonista que, vestido com um agasalho de corrida, agradece pela liberdade de interromper o trabalho para treinar. Do lado da oferta de mão de obra, a Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, uma das mais famosas escolas de negócios do mundo, criou uma parceria com empresas de venture capital para conectar startups financiadas por essas agências a estudantes do programa de MBA. Quando há uma demanda de emprego, os alunos interessados se submetem a um leilão em que os ganhadores são os que mais baixam o próprio preço. Pode parecer estranho, mas tornou-se comum nos EUA. Feita essa primeira triagem, as startups pedem, antes da rodada de entrevistas, que os candidatos promovam a si mesmos enviando vídeos com pitches ou currículos ilustrados. Só então os executivos e os candidatos pré-selecionados se encontram cara a cara. A Wharton School criou o programa a pedido dos alunos. Para muitos estagiários ou recém-formados, o trabalho numa startup é mais interessante do que numa grande corporação porque exige bom desempenho em várias áreas e não numa única função compartimentada (e provavelmente tediosa). Ou seja, desde o começo as atribuições são semelhantes às de um funcionário graduado. É claro que, entre o trabalho uma grande empresa e uma novata, a segunda opção é bem mais arriscada: o emprego exige muito, os benefícios extras são menores e as chances de errar se multiplicam. Mas a sala de jogos pode ser altamente compensadora.

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